Lançamentos de satélite rápidos e limpos
Startup da TUM inicia produção de foguetes de lançamento para atender a demanda de pequenos satélites nos próximos anos
Criada em 2018, com o apoio da Universidade Técnica de Munique (TUM), a spin-off Isar Aerospace desenvolveu um pequeno veículo de lançamento de baixo custo, especificamente concebido para transportar pequenos satélites em órbita. A fabricação está prevista para começar em Ottobrunn, cidade próxima a Munique e da Fakultät für Luftfahrt, Raumfahrt und Geodäsie (LRG-TUM).
Diferentemente dos satélites tradicionais, que pesam toneladas, os pequenos satélites modernos têm peso de até 500kg. Isso se deve à eficiência elétrica dos motores e à miniaturização dos componentes eletrônicos. Os custos de produção também são menores, tornando viável enviar uma grande porção de satélites para órbita com o objetivo de melhorar a conectividade à internet ou gerar dados de observação da Terra, por exemplo.
Esses pequenos satélites são posicionados em órbitas consideradas baixas, a cerca de 500 quilômetros acima da superfície terrestre, o que garante uma rápida transmissão de dados à Terra. Mas como é possível enviar milhares de satélites de maneira mais eficiente, econômica e limpa do que a que temos hoje? “A maioria dos veículos de lançamento não são capazes de cumprir essa tarefa”, comenta Daniel Metzler, cofundador da Isar Aerospace.
Sob medida para o transporte de pequenos satélites
A ideia de criar um foguete capaz de transportar, no máximo, uma tonelada a até 500 quilômetros de distância da Terra foi desenvolvida em 2017 nas oficinas de um grupo de estudos da TUM, o WARR (grupo de trabalho científico para foguetes e voos espaciais). Junto a seu time, Metzler desenvolveu um pequeno motor para um foguete de pesquisa. Após um vídeo sobre o projeto ser publicado na internet, o grupo foi contatado por muitos representantes da indústria.
“Foi aí que percebemos que tínhamos descoberto uma oportunidade de mercado. Então decidimos construir nosso próprio foguete, voltado para o transporte de pequenos satélites”, lembra o engenheiro. “A ideia foi melhorar a técnica de propulsão — veículos de lançamento na Europa sempre usaram motores diferentes para o primeiro e segundo estágios. Nosso conceito é usar clusters de motores idênticos, o que economiza custos de produção e desenvolvimento.”
Da ideia inicial à produção em Ottobrunn
Foi a partir do programa „XPRENEURS“, do UnternehmerTUM – o centro de inovação e startups da universidade – que três ex-alunos da LRG-TUM fundaram a Isar Aerospace no começo de 2018. Josef Fleischmann, Markus Brandl e Daniel Metzler criaram os primeiros protótipos dos componentes do motor na oficina de alta tecnologia MakerSpace, localizada em Garching.
O capital inicial da startup veio de parceiros do UnternehmerTUM e de investidores privados. A nova empresa também recebeu aporte financeiro dos Centros de Incubação da ESA em Oberpfaffenhofen.
Hoje, depois de dois anos de trabalho, eles alcançaram um importante marco: o início da produção do primeiro foguete. No dia 7 de setembro, os três empresários inauguraram as áreas de produção em Ottobrunn, que totalizam 4500m².
Propulsão limpa
De acordo com Metzler, a empresa já possui um valor agregado de mais de cem milhões de euros com o foguete, que tem 27 metros de comprimentos e 2 de diâmetro; os maiores interessados no projeto vêm da Europa. Agora, a startup dispõe de um corpo de funcionários de cem pessoas.
O primeiro lançamento de satélites pelo foguete está previsto para 2021. Para a propulsão, são utilizados pequenos motores construídos de forma econômica e automática a partir de impressão 3D. Os motores operam com combustíveis leves e inovadores que queimarão de maneira limpa e eficiente sob altas pressões em câmaras de combustão. “Com isso, nós objetivamos um alto rendimento de conversão de energia”, reforça Metzler.
Se tudo correr conforme o planejado, a produção em série começará imediatamente [após os primeiros testes]. Isar Aerospace prevê a construção de vinte foguetes por ano.
Publicado em 30 de setembro de 2020.
Fonte: TUM.