Coalizão entre três partidos governa a Chancelaria da Alemanha
Metade dos ministérios é liderada por mulheres nessa nova coalizão; Annalena Baerbock e Bettina Stark-Watzinger comandam, respectivamente, o Ministério das Relações Externas e o Ministério de Educação e Pesquisa.
O Parlamento alemão (Bundestag) elegeu oficialmente, nesta quarta-feira, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), como o novo chanceler alemão. Scholz recebeu 395 votos dos 707 deputados presentes, mais do que os 369 necessários. A votação encerrou o processo de eleições federais iniciadas em setembro na Alemanha.
Diferentemente do Brasil, cujo sistema político é o presidencialismo, e que elege seu presidente por voto direto, na Alemanha, onde o sistema político é o parlamentarismo, o processo de eleição do(a) chanceler, o equivalente ao cargo de primeiro(a) ministro(a), é mais complexo e segue algumas etapas.
Na Alemanha, há um sistema misto de votação. Nas eleições federais de setembro, os eleitores alemães votaram nos candidatos para representantes distritais e nos partidos alemães.
O SPD foi o partido mais votado, com 25,7%, à frente do partido União Democrata-Cristã (CDU), da ex-chanceler Angela Merkel, que ficou com 24,1%, a terceira posição foi conquistadas pelos Verdes com (14,8%) das cadeiras do parlamento, o melhor índice do partido até então. A votação, todavia, não garantiu a automática nomeação do representante do SPD, Olaf Scholz, à cadeira de chanceler. No sistema alemão, um governo que pretende ser estável precisa contar com mais de 50% dos deputados do Bundestag. Como raramente um partido consegue sozinho essa marca, entra a costura de coalizões. O governo alemão liderado por Scholz será formado por uma coalizão com mais dois partidos, Verdes (esquerda) e FDP (liberais).
Antes de ascender ao atual cargo, Scholz, de 63 anos, foi Ministro das Finanças e vice-chanceler no quarto mandato de Merkel, quando o Partido Social-Democrata foi parceiro em uma coalizão liderada pela União Democrata-Cristã.
Novo ministério da atual coalizão alemã
O vice-chanceler da atual coalizão alemã será o copresidente do Partido Verde Robert Habeck, de 52 anos, que assumirá também o superministério da Economia e do Clima.
Seguindo uma promessa de campanha de Scholz, oito pastas serão ocupadas por mulheres, e oito, por homens. O percentual de mulheres no comando de ministérios, de 50%, é o maior da história da Alemanha.
A candidata do Partido Verde para a Chancelaria Federal nas eleições de setembro, Annalena Baerbock, ficou com a pasta do Ministério das Relações Externas. Ela é formada em ciências políticas pela Universität Hamburg e completou seu Master of Law em direito internacional público pela London School of Economics and Political Science.
Esta é a primeira vez que o Ministério de Relações Externas é comandado por uma mulher. De acordo com entrevistas divulgadas pela mídia alemã, Baerbock pretende ter uma postura ativa e baseada em valores no comando da pasta.
Para a ministra, o Ministério deve desempenhar um papel central na política internacional do clima. “Eu entendo a política externa como uma política interna global: as crises são transfronteiriças e só podem ser enfrentadas de forma global e cooperativa. A maior crise global é a crise climática. Não basta mais garantir que cada país cumpra seus próprios objetivos climáticos, mas devemos finalmente unir forças”, disse em entrevista ao portal alemão “taz”.
O Ministério da Educação e Pesquisa, mais conhecido pela sigla BMBF, também terá uma mulher no comando. Bettina Stark-Watzinger, do FDP, leva sua experiência em economia e gestão de pessoas à frente da pasta. Formada em economia pela Johannes Gutenberg-Universität Mainz, Stark atuou durante um bom tempo no setor financeiro e foi diretora do departamento comercial da Leibniz Institute for Financial Research (SAFE), antes de ser eleita para o Parlamento, em 2017.
“Com nosso objetivo de ter a melhor educação do mundo, queremos criar oportunidades para todos. Queremos, portanto, aumentar significativamente os investimentos em educação, treinamento e qualificação. Todo mundo que se esforça merece respeito por seu desempenho – independentemente de sua origem ou do certificado de conclusão da escola.”, destaca Stark na sua página pessoal, dentro do site do partido.
Entre as pautas mais latentes do Ministério da Educação e Pesquisa estão a digitalização de escolas e o financiamento básico para universidades.