‘Trajetória importante para expandir conexões’: participantes brasileiros da Innovation Week e da final do concurso FWL relatam experiência na Alemanha
A delegação brasileira que foi à final do Falling Walls Lab (FWL) e à DAAD Innovation Week (IW) no começo de novembro, na Alemanha, voltou ao Brasil cheia de experiências, contatos, aprendizados e um prêmio: a vencedora da etapa brasileira do FWL, Isabella Rodrigues, ganhou o título de melhor pitch na semana de inovação DAAD Innovation Week (IW).
A Innovation Week é uma realização do DAAD e da aliança de universidades alemãs de tecnologia TU9 – German Universities of Technology Excellence in Engineering and Science Made in Germany e aconteceu depois da etapa final do Falling Walls. Após uma semana de visitas a instituições e treinamentos, os 17 convidados fizeram pitches de seus projetos. O da brasileira foi escolhido como vencedor e ela receberá, a partir de agora, uma mentoria de acompanhamento de sua ideia – a criação de stents cardíacos bioabsorvíveis.
Rodrigues teve a Universidade Técnica de Munique (TUM) como anfitriã durante a IW. “A equipe de consultores da TUM Incubator nos recebeu. Ela nos orientou sobre todas as possibilidades na universidade, nos apresentou para startups, professores e consultores e nos ensinou mais sobre como fazer pitches de negócios. Além disso, tive a oportunidade de conhecer outros cientistas-empreendedores, laboratórios e me conectar com outros pesquisadores e professores da minha área de pesquisa. Toda essa trajetória foi muito importante para expandir minhas conexões e minha visão das possibilidades de transformar pesquisa em negócio”, disse a doutoranda em mecânica na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Caroline Trevisan, que venceu a Innovation Week de 2020 – realizada on-line –, viajou à Alemanha neste ano. Sua instituição anfitriã foi a Technische Universität Berlin (TU Berlin). “Participar da Innovation Week de forma presencial foi uma experiência incrível. Havia participantes de toda parte do mundo, todos com projetos muito interessantes e altamente qualificados, incluindo a participação de quatro brasileiros. No primeiro dia do evento, fiz uma apresentação contando minha experiência, dizendo aos participantes o que esperar da IW e dando dicas de como aproveitar o evento ao máximo”, relatou.
Além delas, Camila Didio, mestranda em geoestatística pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vencedora do Prêmio DAAD de Empreendedorismo de 2022 e terceira colocada no FWL Brazil, esteve na Innovation Week e, assim como Rodrigues, foi recepcionada pela universidade em Munique. “A estrutura ofertada pela TUM é incrível. Os apoios financeiros e técnicos disponíveis para trabalhar no desenvolvimento do meu projeto [um produto agrícola biodegradável e não tóxico que aumenta a produtividade no campo] são, diferentemente do Brasil, bastante convidativos. Fiquei surpresa e muito animada com o interesse da universidade em captar novos projetos”, contou. Assim como as três brasileiras, Lucas Cardoso Lázari, participante da Young Innovators Week 2022, também esteve na IW.
Falling Walls Lab
Taís Alves, arquiteta graduada pela Universidade de São Paulo (USP), mestre pela Universidade Politécnica de Madri e pela ETH Zurich e segunda colocada na etapa brasileira, teve a oportunidade de apresentar à plateia global do Falling Walls Lab seu projeto de software para tornar realidade a construção civil neutra em carbono. “Além da minha apresentação individual, a oportunidade de conhecer o trabalho de tantos outros colegas foi extremamente inspiradora e talvez o ponto alto de todo o evento. A cada intervalo, tomávamos café e trocávamos ideias com pessoas que estavam ali apenas para assistir aos pitches, como jornalistas, professores, investidores. Alguns desses contatos têm realmente potencial de originar frutos e parcerias”, comemorou.
A participação brasileira, no entanto, não ficou restrita aos jovens empreendedores. A professora Lilia Moritz Schwarcz, do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP), fez uma palestra com o tema “Can we save democracy?”. Já Vania Zuin Zeidler, professora do Institute of Sustainable Chemistry (INSC) da Leuphana University Lüneburg, foi uma das juradas da categoria Emerging Talents do FWL. Ela ressalta a importância de comunicar pesquisas científicas de ponta com responsabilidade, e acredita que eventos como o Falling Walls são um dos caminhos para isso. “A apresentação dos 80 pitches em Berlim foi uma celebração internacional e de grande diversidade, que compreendeu pessoas de vários países e criou uma atmosfera inspiradora e vibrante. É importante lembrar que esse evento comemora a queda de vários muros, abre perspectivas para pensamentos e ações relacionados às ciências para a resolução de problemas urgentes, com excelência científica, impacto e potencial de inovação”, disse.
“Foi e é também uma alegria verificar o elevado nível das apresentações brasileiras na final, o que mostra o que podemos fazer em termos de inovação quando temos as condições adequadas no Brasil para tal. Alemães e brasileiros, juntos, têm muito a ganhar em termos de inovação, e este evento pode ser considerado um lugar e tempo privilegiados para nos conhecermos e promovermos trabalhos colaborativos de elevado impacto para todos os setores”, afirmou.