Representante do DAAD: números indicam normalização das condições de estudo para estrangeiros na Alemanha após 2 anos de pandemia

© Eric Lichtenscheid

Como nos dois últimos anos, o DAAD realizou uma rápida pesquisa sobre o número de estudantes internacionais na Alemanha em dezembro, na qual participaram 180 instituições de ensino superior de todo o país. Com base nessas respostas, o DAAD está prevendo uma nova alta no número de alunos, tanto em termos de estudantes recém matriculados, como em termos do número total de estrangeiros. Nesta entrevista, Jan Kercher, gerente de projetos responsável pela publicação anualWissenschaft Weltoffen, explica, entre outras coisas, porque é uma boa notícia que o número total de estudantes internacionais ter crescido significativamente menos em relação ao último semestre de inverno.

 

Sr. Kercher, quais são, na sua opinião, os resultados mais importantes da pesquisa deste ano sobre os números de matrículas de estudantes internacionais no atual semestre de inverno?

De acordo com nossas projeções, é provável que atinjamos um novo patamar tanto no número total de estudantes internacionais, quanto no de estrangeiros iniciantes. Após o declínio no número de novos estudantes durante a pandemia de coronavírus no semestre de inverno de 2020/21, esta é uma notícia muito boa. Embora o número já tivesse aumentado novamente no último semestre de inverno, ele ainda estava abaixo do nível pré-pandemia. Agora, no semestre de inverno de 2022/23, teremos muito provavelmente cerca de 80.000 estudantes internacionais iniciantes em universidades alemãs, o que é um pouco mais do que no semestre de inverno de 2019/20, antes do início da pandemia. 

O número total de estudantes internacionais também aumentou novamente, embora suponhamos que o aumento será menor do que no último semestre de inverno. Naquela época foi de cerca de 8% – agora, provavelmente, deve atingir metade disso. Mas esta é uma boa notícia: o alto número total no semestre anterior de inverno se deveu principalmente ao fato de que muitos estudantes internacionais tiveram seus diplomas atrasados por conta da pandemia. Havia uma espécie de acúmulo de concluintes. E este atraso parece agora ter se dissipado. Isto é indicado pelo aumento relativamente pequeno do número total de estudantes internacionais e pelo número significativamente maior de graduados internacionais já no Prüfungsjahr 2021 [o semestre de inverno 2020/21 mais o de verão 2021]. Muitos estudantes parecem agora ter completado com sucesso seus estudos. Os números indicam, portanto, uma normalização das condições de estudo após os dois últimos anos da pandemia, que foram muito desafiadores para muitos estudantes, especialmente para os estrangeiros. Como DAAD, essas notícias nos alegram, evidentemente. 

 

Como você explica esta rápida recuperação no número de alunos de primeiro semestre?

Há duas razões principais para isso. Primeiro, o número de estudantes convidados e intercambistas, que passam apenas um ou dois semestres na Alemanha, caiu para cerca da metade no início da pandemia. Mas ele também se recuperou quase na mesma velocidade, agora que a maior parte das restrições de viagem relacionadas à pandemia terminou. Do ponto de vista do DAAD, é claro que isto é muito positivo, porque mostra que a mobilidade internacional temporária relacionada ao estudo ou ao programa Credit Mobility obviamente não sofreu nenhum dano a longo prazo como resultado da pandemia. Isso se aplica à Alemanha como país anfitrião, mas também à maioria dos outros países anfitriões importantes, onde não há mais restrições de entrada. Provavelmente, a demanda por tais estadias é atualmente ainda maior do que antes do coronavírus, já que muitos estudantes que não puderam ir ao exterior durante os últimos dois anos estão agora compensando essas estadias. 

Entretanto, há também outra razão para a rápida recuperação em números, que diz respeito àqueles que completam a totalidade de seus estudos na Alemanha: o número de estudantes internacionais do primeiro período no mestrado também se recuperou muito rapidamente do impacto do coronavírus. Em pelo menos um quinto das universidades, esse número aumentou em mais de 10%, de acordo com nossa pesquisa. Isto mostra uma clara diferença em relação ao desenvolvimento do número de estudantes de bacharelado internacionais, onde as novas matrículas se recuperam muito mais lentamente. A explicação é que muitos estudantes internacionais de países não pertencentes à UE devem primeiro completar os cursos preparatórios para o bacharelado. E, como estes normalmente levam um ano, conto com uma recuperação mais significativa nos números dos programas de bacharelado somente no próximo semestre de inverno. 

 

Última pergunta: Quais são as tendências com relação aos países de origem mais importantes dos estudantes internacionais na Alemanha?

Em geral, pode-se dizer que as evoluções dos últimos dois anos continuam no que diz respeito aos países de origem, especificamente em relação aos dois mais importantes, China e Índia. Enquanto mais de 40% das universidades relatam um declínio no número de estudantes de primeiro período da China, e apenas 20% relatam um aumento, as conclusões em relação à Índia são o contrário. Aqui, mais de 50% das universidades relatam números crescentes e menos de 20% relatam números decrescentes. Isto significa que a importância da Índia como país de origem dos estudantes internacionais na Alemanha está mais uma vez aumentando fortemente, enquanto a importância da China como país de origem continua a diminuir. Se este desenvolvimento continuar, a Índia provavelmente substituirá a China como o país de origem mais importante dentro dos próximos dois anos. 

Entre os outros oito dos dez países de origem mais importantes, somente o Irã mostra um aumento igualmente forte como a Índia. Também aqui, quase metade das universidades relatam números crescentes, enquanto apenas em um quinto delas há registro de quedas. Além da China, Síria e Rússia também parecem estar passando por acentuados declínios. No caso do Irã, da Síria e da Rússia, também, é evidente que continuam os desenvolvimentos que já foram observados desta ou de outras formas semelhantes nos últimos anos.

 

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