Nervosismo, networking e novas ideias: finalistas brasileiros do Falling Walls Lab 2023 contam experiência em Berlim

© Falling Walls Foundation

Os três primeiros colocados no Falling Walls Lab Brazil 2023 – Denis Tavares, Elias Barbosa e Bruna Enne – apresentaram seus projetos na final global do Falling Walls Lab, em Berlim, no começo de novembro. Mesmo com o nervosismo, os representantes brasileiros aproveitaram a oportunidade para ganhar insights de outras pessoas sobre seus trabalhos, fazer networking e, claro, conhecer a capital da Alemanha.

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Os projetos de Denis (Fatec – Ourinhos), Elias (UFPE) e Bruna (USP) foram selecionados na etapa brasileira da competição, realizada em setembro, para levarem suas ideias a Berlim. Denis tem como projeto uma plataforma web que usa aprendizado de máquina para detectar notícias falsas; Elias, um modelo experimental para gerar terapias regenerativas e curativos para doenças tropicais a partir de células-tronco; Bruna, uma iniciativa que ajuda estudantes surdos a entrarem no ensino superior. Mais detalhes sobre as ideias e o concurso brasileiro estão neste texto.

Leia, a seguir, uma entrevista com os campeões brasileiros. As perguntas foram as mesmas para todos – mas as respostas, diferentes entre si, mostram como cada um deles lidou com a pressão de fazer uma apresentação para um público internacional e os frutos desse trabalho. 

Como foi fazer a apresentação na frente do público em Berlim? Ficou nervosa (o)? 

Denis da Silva

Denis: Foi bem impactante. Fiquei bem nervoso, mas acredito que consegui me recompor e apresentar tudo o que tinha. Tentei fazer alguns exercícios de respiração, mentalizei que só tinha que dar meu melhor. O que eu podia fazer, tinha feito. E foi. No geral, a estrutura do evento foi muito boa. 

Elias: Apresentar meu projeto em Berlim foi uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento da minha carreira como cientista. Ao chegar lá, confesso que fiquei mais apreensivo, mas praticar, socializar e meu contato espiritual ajudaram muito a minimizar os impactos do nervosismo. Para além disso, me senti muito orgulhoso pela clareza que passei as informações do meu projeto e pela segurança com a qual cheguei ao palco. 

Bruna: Gostei muito de fazer a apresentação. Foi a primeira apresentação desse porte em inglês que fiz, em um palco, com microfone, iluminação, maquiagem e uma plateia de centenas de pessoas. O nervosismo é inevitável, mas eu já havia praticado bastante o pitch, então estava me sentindo segura.  

Aproveitou a oportunidade para fazer networking? Com qual resultado? 

Denis: Além das conexões com outros participantes, eu consegui contato com o representante da LAION [Large-scale Artificial Intelligence Open Network], uma organização sem fins lucrativos que trabalha com a construção e divulgação de bancos de dados de maneira gratuita. Também conversei sobre uma possível parceria com a Swati Meherishi, diretora editorial de Ciências Aplicadas e Engenharia da Springer Nature, além das jornalistas Ester Pinheiro e Katarina Zimmer, que vieram conversar comigo após o evento. No geral, foi muito proveitoso. 

Elias: O Science Summit foi palco de grandes oportunidades de networking, as quais estou desenvolvendo ainda agora, pós-evento. Recebi propostas de estudos do Dr. Chuan He, ganhador do Breakthrough of The Year em Biological Sciences, além de outras propostas de investimento e estudos pela DFG [Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa] e de representantes da Sociedade Max Planck. Além disso, o contato com os finalistas foi muito especial, com os quais acredito que amizades duradouras se desenrolaram. 

Bruna: Fiz muito networking com os outros vencedores. Inclusive fiz até amigos com os quais ainda estou em contato.  

Qual a contribuição que participar da final do Falling Walls Lab trouxe para seu projeto?  

Denis: O Falling Walls, com certeza, vai agregar muito ao projeto. Já tivemos algumas comunicações interessantes e recebemos alguns feedbacks essenciais. Não tenho dúvida que, sem toda essa experiência, demoraríamos muito mais para desatarmos os nós que estamos desatando agora por conta da visibilidade que ganhamos.

Elias Barbosa

Elias: Participar da final do Falling Walls Lab foi essencial para mostrar ao mundo o esforço científico que é feito no Nordeste do Brasil. Em especial, o trabalho que tenho feito com reprogramação celular, uma técnica de alta complexidade em biologia sintética, despertou o interesse de vários finalistas e professores participantes do evento. Além disso, a visibilidade e reconhecimento ganhos favoreceu o avanço do financiamento do projeto pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil. Isso mostra a força que o Falling Walls Lab tem para promover o desenvolvimento tecnológico baseado em ideias e inovação.

Bruna: A oportunidade de fazer uma apresentação desse porte, com certeza, me prepara para outras apresentações futuras sobre o projeto. Aprender sobre novas culturas e ver outras realidades também foi crucial para o meu desenvolvimento profissional. 

Qual aprendizado você tira de toda essa experiência na Alemanha? 

Denis: A viagem foi muito legal, num todo. Foi a minha primeira internacional, então, naturalmente, estava bem perdido, mas a Bruna e o Elias sempre estavam contando fatos e curiosidades da cidade, e no geral sendo companheiros de viagem. Gostei demais! 

Bruna Enne

Elias: Essa experiência na Alemanha foi a concretização de um sonho de criança, mas que pude aprender e ver como o Elias de hoje. Posso dizer que essa experiência contribuiu para minha realização como cidadão do mundo, que consegue comunicar missão, ideias e ideais, sem perder a consciência brasileira, e recifense. Também, aprendi sobre temas chave para o mundo atual, elucidado pelas palestras e mesas-redondas do evento. Em especial, o trabalho da professora Akiko Iwasaki, da Yale School of Medicine, sobre covid longa, deu insights sobre diversos trabalhos meus, e que agora estão caminhando para produção de novos projetos científicos.  

Bruna: A oportunidade de ir para a Alemanha apresentar meu trabalho foi, com certeza, única. Aprendi muito, conheci muitas pessoas e ainda treinei alemão.

 

Texto: Rafael Targino