Paraíba estreita laços com a Alemanha em I Fórum de Internacionalização Paraíba sem Fronteiras
O que há na Paraíba que despertaria o interesse de cientistas e pesquisadores da Alemanha? Visto por outro ângulo, quais as oportunidades que a Alemanha oferece para o desenvolvimento de pesquisas científicas e de inovação oriundas da Paraíba? Estes foram alguns dos elementos do I Fórum de Internacionalização Paraíba sem Fronteiras: Paraíba-Alemanha, que aconteceu dos dias 20 a 21 de maio de 2024.
O Fórum é realizado pelo Governo do Estado da Paraíba por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties-PB) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB), no âmbito do Programa Paraíba sem Fronteiras (PBsF), programa de Internacionalização em Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior no Estado da Paraíba. Nesta primeira edição, o evento contou com a parceria do Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH) São Paulo.
Durante três dias, representantes da Embaixada da Alemanha no Brasil, do DWIH São Paulo, do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), da Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa (DFG) e da Fundação Alexander von Humboldt (AvH) se reuniram com a comitiva paraibana para conhecer as potencialidades da Paraíba e fortalecer vínculos.
O governador João Azevêdo esteve presente na abertura do evento e ressaltou a importância de compartilhar o que vem sendo realizado na Paraíba, em termos de ciência e tecnologia, com outros países. “São diversos os projetos que passam pelo incentivo direto. Nós temos feito o nosso dever de casa, mas é preciso que isso seja compartilhado, que é o que está sendo feito através desse Fórum, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Eu não tenho dúvida nenhuma que esse evento trará resultados extraordinários após as discussões sobre aquilo que é produzido aqui na Paraíba”, salientou o governador.
De acordo com Claudio Furtado, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Paraíba, o evento serviu para mostrar o leque de “oportunidades tanto para o acesso a pesquisadores daqui do Brasil para a Alemanha, como também a vinda de pesquisadores e estudantes alemães aqui para a Paraíba”, afirmou.
Já o coordenador do Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH) São Paulo, Marcio Weichert, comentou que os três dias do Fórum possibilitaram uma boa visão da excelência em pesquisa que é realizada no Estado. “Nós estamos agora bem abastecidos de informações e contatos para ajudar a promover a Paraíba junto às instituições e aos pesquisadores da Alemanha. Por outro lado, também esperamos que todas as informações que nós trouxemos sobre as instituições alemãs em pesquisa, e sobre os programas de fomento, estimulem os pesquisadores, cientistas, estudantes e inovadores do estado a buscarem as cooperações com a Alemanha”, comentou.
Potencialidades da Paraíba
A fim de estreitar relações para a cooperação internacional em ciência, tecnologia, inovação e ensino superior, nos dois primeiros dias do evento os participantes se reuniram no auditório da Fundação Casa José Américo, em João Pessoa, e apresentaram trabalhos de pesquisa e possibilidades de parcerias em projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, tanto realizados por instituições alemãs quanto fomentados pela Secties. Dentre os temas discutidos, estavam os desafios e perspectivas da cooperação internacional para o fomento à Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; a importância do ensino de alemão no contexto da internacionalização; experiências e possibilidades de pesquisa em Ciência, Tecnologia e Inovação da Paraíba e da Alemanha, entre outros assuntos relevantes para a parceria.
A delegação alemã pôde conhecer diversos projetos da Secties, que passam pelo incentivo direto de bolsas e fomentos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq); a exemplo do projeto Bingo, que está sendo construído em Aguiar, uma área de pesquisa nova que vai colocar o Brasil numa condição especial de pesquisas espaciais.
Além disso, durante a programação do segundo dia do Fórum, foi realizado um momento de troca de ideias (sessão de brainstorming), onde o público pôde discutir sobre a internacionalização e cooperação Paraíba-Alemanha em pesquisa e inovação.
Participaram do Fórum reitorias e pró-reitorias de pós-graduação, graduação e pesquisa; pró-reitorias de Internacionalização; coordenações de internacionalização; núcleos de ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo; representações institucionais (Secretarias e Fundações); estudantes, pesquisadores, docentes, multiplicadores, tomadores de decisão com interesse em desenvolver projetos e experiências com instituições alemãs.
Oportunidades de pesquisa
O evento se encerrou no Laboratório Certbio, em Campina Grande, com a apresentação dos representantes da Alemanha sobre instituições do país e oportunidades acadêmicas de fomento à pesquisa. Entre os principais programas apresentados, estão o Walter Benjamin e Emmy Noether, ambos da DFG.
“É uma oportunidade fantástica para pesquisadores aqui da Paraíba. Sobre essa modalidade de pós-doc, por exemplo, o pesquisador é contratado por dois anos para trabalhar na Alemanha com uma posição presente nos quadros da instituição. Além do salário, há o apoio para a aquisição de equipamentos para a pesquisa. Isso concede autonomia ao pesquisador, por integrar um grande grupo”, comentou o secretário Claudio Furtado.
Segundo explicou Cíntia Toth, representante da DFG, um dos destaques apresentados pelos representantes da Alemanha é o Programa Walter Benjamin, onde brasileiros podem fazer pós-doutorado de dois anos em uma instituição de pesquisa alemã. Ele é voltado para pesquisadores que desejam começar conduzir uma pesquisa de forma mais independente. Nele, é oferecida uma bolsa de pesquisa para permanência no país e realização do trabalho, além de recursos para aquisição de equipamentos.
Além disso, Toth destacou o Programa Emmy Noether, destinado a pesquisadores mais avançados, na qual o pesquisador ou pesquisadora se torna um líder de pesquisa, recebendo financiamento de até seis anos para um projeto robusto em uma instituição alemã e financiado pela DFG.
Visitas Técnicas
O Fórum também contou com visitas técnicas em três laboratórios da Paraíba, todos localizados em Campina Grande. A delegação alemã pôde conhecer o Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e os laboratórios Virtus e o de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste (Certbio), ambos da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
De forma prática, foi possível mostrar o que o Estado na área de pesquisa, ciência e tecnologia, contribuindo ainda mais para que os laços entre os dois países fossem estreitados.
“Isso é importante para levar a Paraíba para outro patamar. Nós já buscamos isso dentro da academia e, com o apoio do Estado e do setor produtivo nesse tipo de cooperação, vemos que a Paraíba será elevada a outro patamar que estamos construindo conjuntamente”, comentou Danilo Santos, Diretor de Inovação do Virtus.
O Laboratório Virtus tem o objetivo de criar opções de futuro por meio de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica com parceiros da indústria, nas mais diversas áreas de tecnologia da informação, comunicação e automação.
Para Marcio Weichert, coordenador do DWIH São Paulo, a experiência foi essencial para entender, na prática, por que a Paraíba é conhecida por ser um polo tecnológico. “Eu já cheguei com a informação de que a Paraíba detém um grande polo de pesquisa em tecnologias da informação e comunicação, mas levo na bagagem agora essa coisa mais visualizada, especificamente em áreas como a da saúde, o que para mim é uma informação nova”, comentou.
A coordenadora do Nutes, Kátia Galdino, enfatizou a importância de estabelecer esse tipo de parceria. “Não adianta você desenvolver tanta pesquisa, tantos produtos para saúde, tanta tecnologia de ponta e não mostrar. Através dessa parceria, conseguimos alcançar novos ares, internacionalizando a nossa universidade (UEPB), e isso é de grande importância”. Segundo explicou a coordenadora, o laboratório desenvolve tecnologias para saúde, seja na parte de software ou de hardware, desde o seu conceito, da primeira ideia do pesquisador, até entregá-la para o mercado.
(Texto publicado originalmente pela Secties-PB, e editado pelo DWIH São Paulo)